
Sopro de um Amigo
Senti um leve sopre, tão quente e ameno,
Que em encheu e me deixou a transbordar.
Todos os músculos do meu corpo relaxaram, deixando assim sereno
O meu espírito, a minha razão e o meu olhar…
E essa brisa eu já a havia sentido,
Quando me salvaste da cisterna no meio do deserto,
Onde a dor do fim eu já tinha sofrido,
Onde morte e vida se olharam de perto,
Fazendo-me infantilmente tremer e recear.
Pela profunda ignorância de indefinido,
Só teu sopro me veio acordar
Curando o meu flanco esquerdo e ferido…
Com as mãos que lançavas sobre mim
E que misteriosamente me restauravam,
Foste afastando e eliminando assim
Os medos que me assolavam.
E neste caminho me guiaste, com os teus passos
Com os pés pisando o tudo e o nada.
O meu amparo foram teus braços
Neste trilho onde a partida é a chegada.
Parti de mim e a mim regressei…
Fui tão longe sem sair de onde estava.
Aprendi, vi, guardei e amei
Tudo o que não tinha e me faltava,
Faltava nos meus olhos a paz dos teus,
Faltava na minha boca a sabedoria das tuas palavras,
Faltava nos domínios, a que chamo meus,
As terras da alma que lavravas,
Onde plantavas cuidadosamente cada semente,
Que regaste com mil cuidados,
Onde te vi soprar os corações de muita gente,
Que andavam devassos e abandonados…
2006