quarta-feira, maio 24, 2006

o escuro














O Escuro

Um tiro cruzou o escuro
E apagou mais uma vida.
Estranha relação de mau e puro,
Que se perde e é esquecida.

Apagada como riscos de criança,
Por borracha manchada,
De dor e falsa esperança
E escrita em folha suja e amachucada.

Largas a arma perguntando,
O que fui eu fazer?
E vais recordando,
O aviso que não quiseste ler…

Percebes que podias ter evitado,
Soprar mais uma vela acesa.
Podia-la ter agarrado,
Mantendo-lhe a alma presa.

Não queres falar do tema,
Porque preferes passar por cima.
Desarticular o poema,
E quebrar a rima.

Onde foi a luz,
Que com as mãos apaguei?
Onde está quem a produz,
Será que o matei.

2005

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