
O Escuro
Um tiro cruzou o escuro
E apagou mais uma vida.
Estranha relação de mau e puro,
Que se perde e é esquecida.
Apagada como riscos de criança,
Por borracha manchada,
De dor e falsa esperança
E escrita em folha suja e amachucada.
Largas a arma perguntando,
O que fui eu fazer?
E vais recordando,
O aviso que não quiseste ler…
Percebes que podias ter evitado,
Soprar mais uma vela acesa.
Podia-la ter agarrado,
Mantendo-lhe a alma presa.
Não queres falar do tema,
Porque preferes passar por cima.
Desarticular o poema,
E quebrar a rima.
Onde foi a luz,
Que com as mãos apaguei?
Onde está quem a produz,
Será que o matei.
2005
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