
Árvore do Mundo
Os ramos de décadas, séculos, milénios, eras,
Entrecruzam-se e crescem livremente
Formando constantemente ciclos, nós, princípios e fins,
O velho dando sempre, voluntariamente ou pela força, lugar ao novo…
Dos robustos e infindáveis troncos nascem verdes e frágeis as folhas,
Que pela diferença e unicidade vivem de uma perfeição plena.
A cada uma foi dada uma ampulheta
E a cada uma foi confiada uma bússola.
Estas delicadas existências nascem para a Primavera,
E nelas espelham o verde dos campos e o azul do céu.
A determinação com que rodam para o sol e demandam a água da vida,
Faz variar os grãos da areia do seu tempo e faz girar os ponteiros do seu destino!
Mas o tempo é curto, porque o Verão traz o Outono
E com este o Inverno, o frio, a secura, o vazio…
São poucos os grãos, são poucas as gotas de chuva que sirvam de alimento,
A vida é breve, já se sente o derradeiro voo, o adeus ao eterno pedestal…
Vêm-se, no sono mais profundo, a descer
Do céu, do mais alto ramo, para o profundo do chão que as chama e engole.
O seu verde deu lugar ao doentio amarelo,
Que fogo se fez e tudo queimou até à terra negra e amarga.
Sobrepostas no chão num caos de corpos sem almas,
À espera de serem pisadas e levadas pelo vento que há-de varrer os seus nomes.
Na árvore do mundo a vida é um segundo, breve, efémero e imprevisível,
Viver é ser esse momento…
É ser a folha, a árvore e a página da história,
Que torna as estações em constantes Primaveras.
É ser sempre o sol e o céu e a água pura.
É brilhar até ao último grão que nos ordena: morrer!
É palmilhar todos os vales, montanhas e planícies,
Velejar todos os rios, oceanos e os lagos
Até encontrar o Norte,
O Sul, o Este e o Oeste e quem sabe muito, muito mais!
É preparar cuidadosamente o dia
Em que folha e ramo se larguem para sempre,
E nesse momento abrir as asas da alma
E voar mais além disseminando o verde onde ele nunca chegou…
Respirar o ar da descida
E ascender na nossa liberdade.
Ver o fogo do Outono como paixão
E o castanho como saudade.
É dar o último suspiro com a melodia do primeiro,
Cair como quem sobe e morrer como quem nasce.
É não desistir das cores, da música, da árvore e da folha
É ser o verde e o índigo eternamente, além do momento derradeiro…
28.04.2007
Os ramos de décadas, séculos, milénios, eras,
Entrecruzam-se e crescem livremente
Formando constantemente ciclos, nós, princípios e fins,
O velho dando sempre, voluntariamente ou pela força, lugar ao novo…
Dos robustos e infindáveis troncos nascem verdes e frágeis as folhas,
Que pela diferença e unicidade vivem de uma perfeição plena.
A cada uma foi dada uma ampulheta
E a cada uma foi confiada uma bússola.
Estas delicadas existências nascem para a Primavera,
E nelas espelham o verde dos campos e o azul do céu.
A determinação com que rodam para o sol e demandam a água da vida,
Faz variar os grãos da areia do seu tempo e faz girar os ponteiros do seu destino!
Mas o tempo é curto, porque o Verão traz o Outono
E com este o Inverno, o frio, a secura, o vazio…
São poucos os grãos, são poucas as gotas de chuva que sirvam de alimento,
A vida é breve, já se sente o derradeiro voo, o adeus ao eterno pedestal…
Vêm-se, no sono mais profundo, a descer
Do céu, do mais alto ramo, para o profundo do chão que as chama e engole.
O seu verde deu lugar ao doentio amarelo,
Que fogo se fez e tudo queimou até à terra negra e amarga.
Sobrepostas no chão num caos de corpos sem almas,
À espera de serem pisadas e levadas pelo vento que há-de varrer os seus nomes.
Na árvore do mundo a vida é um segundo, breve, efémero e imprevisível,
Viver é ser esse momento…
É ser a folha, a árvore e a página da história,
Que torna as estações em constantes Primaveras.
É ser sempre o sol e o céu e a água pura.
É brilhar até ao último grão que nos ordena: morrer!
É palmilhar todos os vales, montanhas e planícies,
Velejar todos os rios, oceanos e os lagos
Até encontrar o Norte,
O Sul, o Este e o Oeste e quem sabe muito, muito mais!
É preparar cuidadosamente o dia
Em que folha e ramo se larguem para sempre,
E nesse momento abrir as asas da alma
E voar mais além disseminando o verde onde ele nunca chegou…
Respirar o ar da descida
E ascender na nossa liberdade.
Ver o fogo do Outono como paixão
E o castanho como saudade.
É dar o último suspiro com a melodia do primeiro,
Cair como quem sobe e morrer como quem nasce.
É não desistir das cores, da música, da árvore e da folha
É ser o verde e o índigo eternamente, além do momento derradeiro…
28.04.2007
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