quarta-feira, julho 11, 2007

Crescer


Crescer

Sinto-me vago!
Sinto que cada dia que passa
Estou mais igual,
Como as águas de um lago.
Vazio, como uma casa devassa.
Abstraído quer do bem quer do mal!

Tenho saudades
De quando saia à rua a sorrir,
Como se tudo fosse perfeito,
O mundo cheio de liberdades…
Mas há coisas que não podem coexistir,
A não ser nos sonhos em que me deito.

Crescer é um passo para a morte,
E até ela chegar
E darmos a alma e o óbulo ao barqueiro,
Vagueamos ao vento do destino pela mão da sorte,
Para poder alcançar
Saúde, amor, amizade, dinheiro…

Invadidos por tamanha futilidade,
Que me recuso a acreditar que cresci.
Pertencer a este mundo tão diferente,
Só marca a necessidade,
De apagar o que já vivi
E correr da foz para a nascente.

Tenho fé e confio,
Deixo-me levar
Mas a luta também é minha.
Tento alcançar o invisível fio,
Que pode retomar
A vida que tinha.

Crescemos para sofrer,
Reparo nisso com o que sinto,
Apesar de já o ter dito o poeta.
Qual o porquê de crescer,
Caindo no caos e no labirinto,
Se nascemos sobre linha recta?

Demos os primeiros passos,
Tudo tão simples e elementar,
Tudo tão facilitado,
Sabendo sempre dos braços
Que nos viriam abraçar,
Com destreza e cuidado.

Nascemos na iluminada inocência,
Com naif sorriso.
Os olhos mal vêm a luz e as cores.
Somos seres sem experiência,
Aquela que tenho e não preciso,
Porque seria mais feliz e as cores seriam melhores.

Aos meus olhos é claro!
Até parece egoísmo.
Mas é complicado este passo,
Que por momentos comparo,
Ao salto para um abismo
Ou um buraco negro no espaço…

Ò áureos dias
De sol brilhante,
Nasçam com a manhã
Sem almas frias
Só o sorriso confiante.
E até amanhã!

2007

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