quarta-feira, julho 11, 2007

O Lago


O Lago

Escuros passos
Marcam a batida do coração.
Inúmeros são os maços
De cigarros e perdição…

Trovões de irracionalidade,
Ribombam, fazendo tremer
A grande cidade
Que te fez sofrer.

Lugar de pecado infinito,
De poluição intelectual,
Onde se dilui o teu grito
No seu lago fantasmagoricamente real.

Revoltas-te com a perda,
Enfureces-te com a injustiça,
Essa eterna labareda
Que queima a sociedade submissa.

O que és tu?
Que tens para além de nada?
O que é a tua voz, para além do eco
De uma alma sem morada?

Olha desalmado,
Sou eu quem te o diz,
És árvore em lugar árido e desterrado
Onde não se enterra ou cresce a tua raiz.

E atrás desse fortaleza
Há uma fragilidade infantil,
O mundo engole-te com a sua grandeza,
Num gesto de demência febril.

É triste, é lamentável,
É uma realidade decadente,
Não ter a liberdade inalcançável
Que turba o lago dessa gente.

Mergulha, renasce
E leva-me de mim!
Onde está o mundo que idealizaste?
Toma a minha vida leva-a até ao fim…

2006

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