quarta-feira, julho 11, 2007

Preguiça de Existir


Preguiça de Existir

Há dias em que me deixo arrastar pelas multidões,
Deixo de ter vontade.
Largo o desejo e as motivações,
Deixo que se aparte de mim a liberdade.

Vejo na minha preguiça de existir
Um erro para meros principiantes,
Que se perdem ao consumir
Ideias e lugares comuns tão diletantes.

Sigo quase como que hipnotizado,
Pela força mística da abstracção.
Os meus olhos são sugados
Para lugares invisíveis à razão.

E como explicar tal coisa, pouco usual
Perder assim o espírito e as verdades,
Para ficar reduzido ao instinto animal,
E às suas precárias necessidades.

E é impressionante a dificuldade de me libertar
E nadar contra a corrente,
Fazer face à multidão feita mar,
Que é essa onda de gente.

Sou nessas situações
Alma e corpo à deriva no oceano.
Evadem-se de mim todas as proposições,
Deixando-me um nada, vazio e plano.

Sem pensamentos.
Sem sensações.
Só os sofridos movimentos,
Regem as falsas emoções.

Dias em que mais vale morrer,
Não houvesse ainda brasas da chama ardente,
E iriam vocês ver
Que não nadaria nunca mais contra a corrente…

2007

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