domingo, abril 04, 2010

Ode Eterna


Ode Eterna

Meus olhos perdem a distância,

Aquela que nunca tiveram,

Aquela que já acharam ter

Quando olhavam buscando sem encontrar.


Nessa distância há luz e trevas,

Mundos girando e engolindo-se,

Medo e glória sobre a terra

E tanto mais que me vou perdendo…


No alto das serras rugem monstros de ferro

Fazendo Dom Quixote fugir de temor,

Mas de que foge ele? Do conhecimento?

Fugirá ele do futuro? Fugiremos nós de quê?


Um frenesim de multidões que oscilam,

Corpos que trocam vida, vendem vida, roubam vida,

Presos num histérico vai e vem sem fim

Como que dedilhados entre cordas de loucas guitarras.


Poetas dissolvem-se nas águas de Hipocrene

E eu que nem poeta sou, canto aqui lágrimas

E outras tantas alegrias, porque já tudo é tudo,

Porque já nada é nada e não há dono para o mundo…


Vagueio nestes pensamentos perpétuos,

Nestas prisões de liberdade e desprendimento,

Atrás de grades sem paredes e de paredes sem grades,

De lugares do avesso e sem sentido do que é lugar.


Reis caem destronados por máquinas,

Máquinas que pensam, máquinas que vêem,

Não era só de Deus e dos homens esse dom?

Em que peça se guarda a alma de uma máquina?


Tantas perguntas, tanto ferro e coisas assombrosas.

Onde estou eu agora, quem sou eu agora?

Tanto me cansei de querer saber que desisti,

Deixei-me adormecer na sombra das árvores e fiquei.


Até acordar na alegria e juventude da manhã,

Primavera entre as neves, luz entre o anoitecer

E então vi dormindo sobre as ervas tenras

Esse rosto que foi nascendo de cada flor.


Doce música saindo da flauta de Hermes,

Melodia que adormece até o temível inferno.

Seu olhar criando universos a cada instante

E explodindo fogo e vida em mim.


Oh, a eternidade nasce diante de um mortal

E que mais posso fazer que abrir meus braços,

Rasgar a minha vida e o meu peito e aceitar.

Sim eu quero viver enquanto for parte de ti!


Azueira

13.12.2009

Sem comentários: