quarta-feira, março 11, 2009

Último Barco


Último Barco

Parte agora, o último barco de hoje.
Parte só e vazio, como tem partido
Dia após dia, seguindo para longe,
Invicto nas ondas do mar sofrido.

Perde-se como lágrima num oceano,
Desprovido de leme nem capitão.
Sem vento que lhe sopre o pano,
Vai navegando pela ondulação…

Cada homem é um barco vivo,
Cada vida é um mar brilhante,
Que de baixo do céu compassivo
Palpita com sangue fervilhante.

Os dias passam e não são dor,
Não são feridas, nem doença,
São histórias de eterno amor,
São mais força e mais crença.

São o nosso desejo de infinito,
São tesouro que a alma encerra,
São o peito rasgado num grito
Ao avistar a tão sonhada terra.

Amor e vida sem tempo nem fim,
Que se espraiam no corpo sereno,
Que explodem e vivem em mim,
Que fazem este sonhar pequeno…

O barco ganha asas e larga o mar,
Flutua senhor do vento que passa
E enquanto se faz o meu imaginar,
Eu vejo encher-se a minha taça.

Tomo o leme, imponente capitão,
Senhor absoluto do barco alado.
Tomo esse sorriso, tomo pela mão,
Senhor com o mundo a meu lado.

Já partiu o último barco de hoje…
Partiu só e vazio, como tem partido
E mesmo que vá e para muito longe,
Ao amanhecer nada está perdido!


11.03.2009
Anjos

2 comentários:

pelosmeusolhos disse...

e os sonhos preenchem o vazio enquanto se espera... são também "mais força e mais crença..." :)

Anónimo disse...

Estou estupefacta ! =P

Gostava de conseguir brincar com as palavras e, numa miscelânea de sentimentos juntá-las da mesma forma que tu fazes. Juro-te que gostava ! =)

Às vezes é bom sermos esse barco que parte vazio, é bom termos essas asas inexistentes, é bom termos esses sonhos que nos 'alimentam'.

Voa.Sonha. E deixa-te levar, ou pelo ritmo da maré ou pelo sabor do vento !

Beijinhos =)