
Espelhos
Atravesso a rua calmamente
E olho perdido as montras.
Diluído no ondular da gente,
Porque não me encontras?
Caminho alegre na minha tristeza
E deixo que a chuva seja o que falta de luz.
Absorvo cada sorriso e a sua beleza,
Deixo-me levar pela corrente que conduz…
Oscilo, observo e então prossigo,
Porque cada corpo tem um destino,
Como páginas de um livro antigo,
Onde me lembro de ser menino…
Trago o esquecido para tão perto
E choro o sofrido para longe de mim.
Deixa estar o livro bem aberto
E deixa folhas para contar o fim…
A chuva cai incessante
E as lágrimas fazem rio,
A tua falta é constante,
A tua ausência é o frio.
Olho-me nos mares de água
Observo-me, sinto-me a mudar.
Estou aqui à beira mágoa
E és tu quem estou a contemplar!
Procurei-te por toda a rua,
Nos cafés e nas esplanadas.
Esperei que chegasse a lua,
Esperei as luzes serem apagadas…
Sem medo e sem receio,
Seguro do que a noite traria.
É de ti que estou cheio,
És tu quem faz a noite dia.
Atravesso a rua calmamente
E olho perdido as montras.
Diluído no ondular da gente,
Porque não me encontras?
Caminho alegre na minha tristeza
E deixo que a chuva seja o que falta de luz.
Absorvo cada sorriso e a sua beleza,
Deixo-me levar pela corrente que conduz…
Oscilo, observo e então prossigo,
Porque cada corpo tem um destino,
Como páginas de um livro antigo,
Onde me lembro de ser menino…
Trago o esquecido para tão perto
E choro o sofrido para longe de mim.
Deixa estar o livro bem aberto
E deixa folhas para contar o fim…
A chuva cai incessante
E as lágrimas fazem rio,
A tua falta é constante,
A tua ausência é o frio.
Olho-me nos mares de água
Observo-me, sinto-me a mudar.
Estou aqui à beira mágoa
E és tu quem estou a contemplar!
Procurei-te por toda a rua,
Nos cafés e nas esplanadas.
Esperei que chegasse a lua,
Esperei as luzes serem apagadas…
Sem medo e sem receio,
Seguro do que a noite traria.
É de ti que estou cheio,
És tu quem faz a noite dia.
Porque há fogo dentro de nós
E lenha dentro de cada ser,
E enquanto não formos sós
Há chama para nos acender.
Há o corpo fervente,
Há inspiração e sonho,
Há a palavra eloquente
E os versos onde a ponho.
Há um eterno elo de ouro,
Entre os do céu e os da terra.
Há pobreza no maior tesouro,
Há paz numa qualquer guerra.
Sente o sorriso dessa criança,
Que abraça a mãe ao teu lado.
Sente a felicidade que alcança
No infinito sabor do seu gelado.
Coisas tão insignificantes,
Para um mundo que não tem lugar.
Enquanto nós geramos diletantes,
Um dia com destruir outro com criar.
Até que alguém há-de acordar
E descer a mesma rua triste.
Navegar nos outros, navegar
E encontrar a verdade que existe…
Lisboa
22.05.2008
(à Joaninha, por me ter feito encontrar um dos meus espelhos que anda diluído no meio das gentes e perdido nas ruas...beijo)
E lenha dentro de cada ser,
E enquanto não formos sós
Há chama para nos acender.
Há o corpo fervente,
Há inspiração e sonho,
Há a palavra eloquente
E os versos onde a ponho.
Há um eterno elo de ouro,
Entre os do céu e os da terra.
Há pobreza no maior tesouro,
Há paz numa qualquer guerra.
Sente o sorriso dessa criança,
Que abraça a mãe ao teu lado.
Sente a felicidade que alcança
No infinito sabor do seu gelado.
Coisas tão insignificantes,
Para um mundo que não tem lugar.
Enquanto nós geramos diletantes,
Um dia com destruir outro com criar.
Até que alguém há-de acordar
E descer a mesma rua triste.
Navegar nos outros, navegar
E encontrar a verdade que existe…
Lisboa
22.05.2008
(à Joaninha, por me ter feito encontrar um dos meus espelhos que anda diluído no meio das gentes e perdido nas ruas...beijo)