terça-feira, abril 22, 2008

Quero(te)


Quero(te)


Queria ver unidas música e palavras,
Nas doces linhas de um corpo leve,
Mas os campos de trigo que lavras
São no meu mundo alimento breve.

Falta-me o sol quente e a chuva fria,
O cheiro da terra molhada ao amanhecer…
Tenho o desejo de saber o que o céu seria
Se nascesse depois do trigo morrer.

Eu quero a noite e a bruma,
Quero o dia e a luz,
Quero o mar e toda a sua espuma,
Quero a praia e o vento que me seduz!

Balanço e oscilo livremente,
Sobre mundos e sobre gentes.
Quero equilíbrio permanente,
Quero loucuras de corpos e mentes…

Quero morrer e viver,
Viver e morrer eternamente!
Quero saber e não saber,
Saber e ignorância em equivalente.

Quero ser forte e não ter força alguma,
Para sempre, fortemente preso à liberdade…
Quero o universo e coisa nenhuma,
Ser virtude e a nulidade.

Não quero ser mais do que eu,
Não mais do que tudo e nada…
Quero o infinito escondido no céu,
Quero o Horizonte porta de chegada.

Quero um toque de maldade
E outro de altruísmo e entrega.
Quero ser acusado de bondade,
Quando a sua falta se alega.

Quero ser teu e meu simultaneamente.
Estar sozinho e com o mundo num só.
Quero o nunca e o constantemente,
Quero ser lembrado e morrer como pó…


Caparica
04.2008

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