domingo, setembro 13, 2009

O Preço do Mundo


O Preço do Mundo

Quanto custa a vida?
Quanto custa viver sobre a corda bamba,
Viver sobre o limite entre vida e morte,
Entre tudo e coisa nenhuma?
Quanto custa um coração bater?
Quanto custa o ar que entre e sai,
Que corre o corpo em segundos,
Que se faz vida, quanto custa?
Quanto custa uma vida,
Uma bem pequena e frágil,
Uma que só quer mais um momento
Para provar mais um instante do mundo?
Quanto custa esse instante?!
Quanto custa tudo o que já vivi?
Quanto custa o que virá?
Quanto custa aquele sorriso que me deste?
Quanto custa aquele abraço que eu não dei?
Quanto custam as lágrimas que já choraste?
E as que eu bebi e chorei contigo?
Quanto custa a perda?
Quanto custa uma vitória?
Quanto custa andar à chuva e haver sol em nós?
Quanto custa o segundo em que duas bocas se juntam,
Se tocam pela primeira vez,
Se guardam uma à outra para sempre
E fazem explodir dois mundos num só?
Quanto? Quanto custa tudo isto?
A verdade é que não sei…
Eu sou e não sou tudo isto…
Eu tenho este tudo e este nada,
E quando vejo que o mundo me abriu a mão,
Quando recebo a vitória e a vida em toda a sua força,
Eu sinto que o preço do mundo não me interessa,
Não me fará melhor nem mais verdadeiro,
Mas enquanto eu perguntar, sem saber o preço das coisas,
O meu mundo girará em torno de si mesmo e de tantos outros,
Em torno da pureza de um olhar, na simplicidade e eternidade do toque
E eu serei inteiro nos braços de um universo,
Esse, que feliz, nunca saberei Quanto custa!


13.09.09
Eira do Cerrado
Quando a vida corre contra nós, às vezes descobrimo-nos a nós próprios capazes de a enfrentar sem limites e sem barreiras!
Obrigado por este pedaço de mim que descobri, obrigado pelo pedaço de vocês, pela luta e vida que me entregam aos poucos, obrigado pela mão que o vosso mundo abre. Obrigado por haver vida atrás de onde vejo o sol a pôr-se...
Obrigado por ontem, hoje e amanhã, a vocês a Ele a Eles e a tantos outros =)

1 comentário:

Anónimo disse...

Tinha mesmo de comentar este poema, está, realmente, fantástico!
Este Verão li livros que me deixavam a pensar sobre tudo aquilo que aqui escreves: Quanto custa cada segundo que desperdiçamos da vida? E qual o preço que pagamos por aqueles que aproveitamos ?

No fundo, tal como tu, não o sei. E, provavelmente, também não o quero, porque quando o descobrir a vida passa a ser um enigma descodificado, sem piada nenhuma !

Continuo a achar que a vida é uma coisa bem baratinha, uma verdadeira 'pechincha' por outras palavras, que está, felizmente, ao alcance de todos os bolsos. Sorfre de crises, de défices e de inflações. Tem juros, prestações e tudo aquilo que uma boa economia proporciona. O que a distingue é que cada um decide quanto paga, o modo como a paga e se a paga!

Somos mesmo muito mais felizes sem saber quanto custa cada segundo, cada momento, cada experiência. Somos muito mais felizes enquanto não decifrarmos este enigma que é a vida!

Está mesmo delicioso! Parabéns!

Beijinhos