
Histórias de um Reino
O reino continua perdido,
O povo disperso e descrente
Nas finanças que são mendigas
E na fome é mais que a gente.
De almas não se fala nem se ouve
E a apatia vive senhora nos olhares,
Em tudo o que há e já houve,
Nas palavras e nos tristes andares…
Passam-se assim dias sobre dias
E noites só de escuro e vazio,
Os segredos são agora fantasias
E já não há anelos que levem o frio.
Não há silêncio nas palavras,
Nem fogos a arder eternamente
E essas terras que ainda lavras,
São colheita enferma e doente.
Alguém roubou o tesouro
E matou o último querubim.
Trocar a morte pelo ouro,
Quem faria coisa assim?
Rosto coberto e encapuçado,
Manto negro e assustador,
Onde passa tudo é levado
E o que fica é pranto e dor.
De entre as sombras surge,
Mata tudo em volta e passa
E enquanto o tempo urge,
Traz fome e traz desgraça.
Esse vulto que vai e vem,
Sem passado nem história,
Sem o nome de ninguém,
Mancha e arde na memória.
Deixa a arca vazia,
Povo e rei chorando,
A terra morta e fria,
O verde secando…
O breu que arrasta consigo
É o sangue que vai ficando,
É a má sorte e o inimigo,
É um barco naufragando,
É o fado de um coitado,
Há muito a cantar só,
Que onde morre é deixado
Para se perder no pó….
Levou tudo e voltará,
Para calar todas as vozes
E nenhuma coragem restará
Entre seus feitos atrozes.
Tranco as portas e fujo,
Temo perder os sonhos e a vida!
Choro pelo lugar sujo,
Que é este reino sem saída.
E no meio do meu partir,
Cansa-me a eterna distância.
O cansaço é o meu sumir,
É quem leva a minha infância.
Com ela vão as asas do vento,
Aquele meu desejar tão forte,
Voar doce de um dia lento
A beijar as serras do norte.
Entre as chuvas e o branco,
Neves de felicidades sem fim,
Este lutar feriu-me o flanco,
Este fugir arranca-me de mim…
Trespassa-me como lança o peito,
Fere o meu profundo amar,
Deixa a imaginação sem jeito,
Leva de Blimunda o amado Baltazar.
Queima no céu a passarola,
Que sonhos e almas fizeram voar,
Enquanto o povo se consola
Levam-me tudo o que me fazia andar…
Azueira
3.05.2009
O reino continua perdido,
O povo disperso e descrente
Nas finanças que são mendigas
E na fome é mais que a gente.
De almas não se fala nem se ouve
E a apatia vive senhora nos olhares,
Em tudo o que há e já houve,
Nas palavras e nos tristes andares…
Passam-se assim dias sobre dias
E noites só de escuro e vazio,
Os segredos são agora fantasias
E já não há anelos que levem o frio.
Não há silêncio nas palavras,
Nem fogos a arder eternamente
E essas terras que ainda lavras,
São colheita enferma e doente.
Alguém roubou o tesouro
E matou o último querubim.
Trocar a morte pelo ouro,
Quem faria coisa assim?
Rosto coberto e encapuçado,
Manto negro e assustador,
Onde passa tudo é levado
E o que fica é pranto e dor.
De entre as sombras surge,
Mata tudo em volta e passa
E enquanto o tempo urge,
Traz fome e traz desgraça.
Esse vulto que vai e vem,
Sem passado nem história,
Sem o nome de ninguém,
Mancha e arde na memória.
Deixa a arca vazia,
Povo e rei chorando,
A terra morta e fria,
O verde secando…
O breu que arrasta consigo
É o sangue que vai ficando,
É a má sorte e o inimigo,
É um barco naufragando,
É o fado de um coitado,
Há muito a cantar só,
Que onde morre é deixado
Para se perder no pó….
Levou tudo e voltará,
Para calar todas as vozes
E nenhuma coragem restará
Entre seus feitos atrozes.
Tranco as portas e fujo,
Temo perder os sonhos e a vida!
Choro pelo lugar sujo,
Que é este reino sem saída.
E no meio do meu partir,
Cansa-me a eterna distância.
O cansaço é o meu sumir,
É quem leva a minha infância.
Com ela vão as asas do vento,
Aquele meu desejar tão forte,
Voar doce de um dia lento
A beijar as serras do norte.
Entre as chuvas e o branco,
Neves de felicidades sem fim,
Este lutar feriu-me o flanco,
Este fugir arranca-me de mim…
Trespassa-me como lança o peito,
Fere o meu profundo amar,
Deixa a imaginação sem jeito,
Leva de Blimunda o amado Baltazar.
Queima no céu a passarola,
Que sonhos e almas fizeram voar,
Enquanto o povo se consola
Levam-me tudo o que me fazia andar…
Azueira
3.05.2009
"a todos os que lutam contra os vultos sem rosto e vencem, a todos os que resistem, sonham e vivem para ser um exemplo"
3 comentários:
bem nao sei o que dizer... gostava de me conseguir expressar assim... esta lindo e tens razao tem algumas coisas em comum... bjinhoss
Gosto deste poema !
Gosto deste poema !
Gosto deste poema !
=P
Ás vezes é mesmo melhor fugir-se deste reino e construir-se um próprio, pessoal e intrasmissível, apenas possível de se partilhar =)
Quero pensar que nunca se vai deixar que o céu queime a passarola =)
Beijinhos =)
"E nós quando no topo do mundo
Ou sentados nas nuvens, observamos
Com atenção e saudade o passado,
Vemos a brilhar as cores que o pintaram,
As formas que o moldaram, forte!
As palavras que o escreveram, eterno!
As mãos que o agarraram, firme!
E as vozes que o cantaram, amado!"
Há sempre alguém que nos dá força... ;)
Enviar um comentário