
Sumir
Hoje sou um barco afogado no oceano,
A folha que morre no vento sem rumo.
Sou todo eu o findo cair do pano,
O fim de um cigarro, cinzas de fumo.
Sou o efémero grito de morte.
Sou um princípio sem fim.
Sou as cores de negro forte,
Da noite que cresce em mim…
Escorre o tempo no meu leito,
Morre a solidão de um dia vago.
Falta-me o ar e o fogo no peito,
Falta-me a luz que agora apago.
Acordo neste templo profano,
Onde o céu cedeu por inteiro.
Movem-se corpos ao som de um piano,
Bailando perdidos pelo nevoeiro.
Há lágrimas num copo de infinito,
Que escorrem de mim sem as chorar.
Há sangue num coração que bate aflito,
Salta na alma, salta no corpo sem parar…
Morre, vive, morre, pára,
E tudo o que despertou adormece.
Na vida que é fraca, breve, rara
E no espírito que se enfraquece…
Bandalhoeira
07.03.2008
1 comentário:
Está muito giro o poema...
Sou a tua fã nº 1 ;P...
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