terça-feira, junho 13, 2006

quando precisares de alguém...










Quando precisares de alguém…(3º prémio no concurso de poesia do CM 2004\2005)

Quando as areias do tempo te enterrarem,
Eu vou estar para te agarrar.
Quando as neves de Inverno te gelarem,
Eu vou estar para te aquecer.

Quando sol já não brilhar,
E tudo à tua volta se apagar,
Quando a noite tudo engolir,
Eu vou estar para te sorrir.

Quando o tempo decidir parar,
E nem as gentes te queiram mais esperar,
Quando o teu nome se apagar,
Eu vou estar para o recordar.

Porquê estar aqui?
Porque não te esquecer…
Porque não partir e nada mais te dizer?
Porque não ir sem para trás olhar?
Porque não deixar-te aí sem nada para te apoiar?
Será que é porque é assim que somos feitos?
Ou será porque para a recebermos temos de a dar?

Talvez porque ela parta de cada um de nós
E, mesmo achando que não veio de lugar algum,
Nos faça querê-la quando estamos sós…

Talvez algo que se quer dizer, fazer, expressar, dar,
Mas que pode apenas passar,
Por um simples beijo, sorriso ou olhar,
Por um carinho quando estás triste
E, para ti, já nada vale ou existe.

Sabes, que quando tudo te parecer um não
E perderes o sentido que te guia o coração,
Alguém vai estar para te estender a mão,
E te levantar do chão…

2005


(para ti*)

segunda-feira, junho 12, 2006

volta












Volta

Vejo mil caras desconhecidas,
Mas com algo de familiar.
Vejo-os a correr pelas vidas,
À procura de um lugar.

E tu, só tu vais poder chegar…
E tu, só tu vais poder ficar…

Nesse lugar atrás das estrelas,
Onde sonho é realidade,
Onde todas as coisas são belas,
Onde um dia é uma eternidade,

E eu, só eu vou aguardar o teu regresso…
Porque é tudo, tudo o que mais peço…

A volta de uma luz,
De uma chave da vida,
Que me atrai e seduz,
Por ser tão apetecida.

2005




agora eu










Agora Eu

Não vou para casa,
Porque não quero lá estar.
O que agora é um inferno,
Em tempos foi o meu lar.

Saiu por aí,
Perdido entre a multidão.
Escondendo-me de mim,
Na mentira e na escuridão.

Procuro por ninguém
E volto só eu…
Já foste o meu anjo
E eu o teu céu.

Perdemo-nos na sombra,
Que nos perseguia,
Apesar de claramente
Ser o meio do dia.

Dou tudo por todos,
Eu sou mesmo assim,
Mas quando preciso,
Poucos são os que vêm a mim.

A roda está fechada,
E não posso entrar.
Fujo entre a derrocada,
Dos que me querem esmagar.

Pôr fim a um ser,
Que não sabe para onde vai,
Que não consegue compreender,
Quando se levanta ou quando cai.

Que perde aos poucos
O gosto de ser,
Como tristes loucos
Cansados de viver…

2005

caminhos e cheiros










Caminhos e Cheiros

Cheiros fortes e picantes,
A ervas e especiarias.
Lembrando terras distantes
E gloriosos dias.

Caminhos por descobrir
E outros já traçados,
Que os homens ao partir
Deixaram em mapas rasgados.

E o que eram afinal?
Talvez cheiros da paixão…
Que em dias de temporal,
Pôs o mundo em aflição.

Cheiros e caminhos,
Por muitos sonhados,
Que na bruma dos ninhos,
São livremente realizados.

E não há medo.
Muito menos condenação,
Pois ninguém aponta o dedo,
Ao bater do coração.

E eu sigo por um caminho,
Um caminho que não é meu.
E procuro o teu cheiro,
Que há muito se perdeu.

2005

aprender com o céu










Aprender com o Céu

Senti a rocha fria,
Onde há horas jazia enfeitiçado.
Passara lá o dia,
Sem saber como lá tinha chegado.

Ao dia juntava-se a noite,
Em tons de azul raiado.
E eu sentia a arte,
Do espectáculo ali pintado.

Se me olhares nos olhos,
Vês a inveja de não ser o pintor,
De não dirigir os sonhos,
De não assinar como autor.

Foi assim que ali cheguei,
Para tentar aprender,
A concretizar o que sonhei,
Desde que comecei a viver…

Porque tudo é sonho,
Tingido no céu.
Porque tudo é sonho,
Nosso, teu e meu…

2005


o fim











O Fim

De olhos no passeio,
Segue com medo de ser.
O medo de um receio,
Que não quer perceber.

Não responde ao toque,
Nem ao calor da multidão.
Nem o próprio choque,
O faz tirar os olhos do chão.

Foge de si mesmo,
Da sua dimensão.
Foge para longe,
Onde não chega a razão.

É queimado pela revolta,
Muito mais do que pela dor,
Que no seu corpo se solta
E lhe tinge o rosto de terror.

Não vê as mãos esticadas,
Na sua direcção,
Pois não são dotadas,
Para lhe dar a salvação.

Então cai por terra escura,
Onde não mora ninguém.
E adormece na doçura,
De ter sido alguém.

2005