quinta-feira, março 13, 2008

Devaneios por Extenso


Devaneios por Extenso

O que é linear numa imagem?
O que se olha e não se vê?
Até quando estaremos de passagem,
A viver sem um porquê?

Quando escreveremos o mundo com gestos,
Com sons, palavras e afectos?
Quando lançaremos nós actos manifestos
De sentimentos e ideais rectos?

Quando seremos dois num só
E tudo no nada?
Quando ergueremos do pó
Vida eterna, vida amada?

Quando falarei e serei ouvido
Por mares de corpos apaixonados?
Quando amarei e serei sentido
Por teus olhos iluminados?

Quando, quando, quando…?
Como, onde, porquê?
Não sei mas vou amando
O que vejo, o que se sente e não se vê

Até lá, deixo o que penso,
Um livro, letras, ideias, um eu…
Breves devaneios por extenso
De alguém que Morrerá, Cresce, Nasceu…


Lisboa
28-02.2008

sexta-feira, março 07, 2008

Sumir



Sumir

Hoje sou um barco afogado no oceano,
A folha que morre no vento sem rumo.
Sou todo eu o findo cair do pano,
O fim de um cigarro, cinzas de fumo.

Sou o efémero grito de morte.
Sou um princípio sem fim.
Sou as cores de negro forte,
Da noite que cresce em mim…

Escorre o tempo no meu leito,
Morre a solidão de um dia vago.
Falta-me o ar e o fogo no peito,
Falta-me a luz que agora apago.

Acordo neste templo profano,
Onde o céu cedeu por inteiro.
Movem-se corpos ao som de um piano,
Bailando perdidos pelo nevoeiro.

Há lágrimas num copo de infinito,
Que escorrem de mim sem as chorar.
Há sangue num coração que bate aflito,
Salta na alma, salta no corpo sem parar…

Morre, vive, morre, pára,
E tudo o que despertou adormece.
Na vida que é fraca, breve, rara
E no espírito que se enfraquece…

Bandalhoeira
07.03.2008