
Os Anjos da Minha Rua
Os anjos da minha rua são os pombos.
Lágrimas que Deus chorou dum dia plúmbeo e triste
E que se despedaçaram, num bater de asas, sobre os telhados e águas furtadas.
Passaram à porta da loja de música fazendo soar os gongos
E abanaram tudo o que fora e dentro de mim existe,
Deixando as lágrimas correndo em minhas mãos molhadas.
E é da janela do terceiro andar que vejo o tempo,
Vejo-o passar pelo espaço dando nós
E olho a norte o que vem e a sul o que vai,
Apagando-se as pegadas na praia de calçadas, que piso a cada momento
Ouvindo gente que fala e não tem voz
E que entra em mim e logo sai…
A cada dia vejo mil caras e nenhuma é igual.
Num circulo de linhas rectas que se curvam para dar forma
A um sem lugar de lugares comuns e de caminhos,
De factos vindos do desléxico sobrenatural
Que troca as letras de coisas dentro da norma,
Para formar as complexas malhas dos ninhos.
Onde se deitam lágrimas aladas,
Com frases que só Deus diz aos anjos chorados.
Poesia de eternidade e de amor dedicado,
Ao passar de ondas por almas lavadas
Que invadem corpos deitados,
Em movimento ondulatório quente e delicado…
Batem as asas nas telhas do sótão
E do meu dormir cansado eu os vejo abraçados,
Na ternura de um calor que nasce nesta tarde de Inverno.
E enquanto o sangue vai e vem do coração,
Os laços estão sólidos e apertados
E tudo se mistura e tudo se transforma e tudo é eterno.
Deus falou e eu ouvi…
Levantei-me e caminhando percorri o futuro.
Vi-me no espelho tão diferente e mudado, mas mesmo assim tão eu.
Recordo tudo o que fui, tive e senti
E nada, do meio do escuro,
Pode trazer o que se perdeu…
Lisboa (Rua dos Anjos)
15-11-2007
Os anjos da minha rua são os pombos.
Lágrimas que Deus chorou dum dia plúmbeo e triste
E que se despedaçaram, num bater de asas, sobre os telhados e águas furtadas.
Passaram à porta da loja de música fazendo soar os gongos
E abanaram tudo o que fora e dentro de mim existe,
Deixando as lágrimas correndo em minhas mãos molhadas.
E é da janela do terceiro andar que vejo o tempo,
Vejo-o passar pelo espaço dando nós
E olho a norte o que vem e a sul o que vai,
Apagando-se as pegadas na praia de calçadas, que piso a cada momento
Ouvindo gente que fala e não tem voz
E que entra em mim e logo sai…
A cada dia vejo mil caras e nenhuma é igual.
Num circulo de linhas rectas que se curvam para dar forma
A um sem lugar de lugares comuns e de caminhos,
De factos vindos do desléxico sobrenatural
Que troca as letras de coisas dentro da norma,
Para formar as complexas malhas dos ninhos.
Onde se deitam lágrimas aladas,
Com frases que só Deus diz aos anjos chorados.
Poesia de eternidade e de amor dedicado,
Ao passar de ondas por almas lavadas
Que invadem corpos deitados,
Em movimento ondulatório quente e delicado…
Batem as asas nas telhas do sótão
E do meu dormir cansado eu os vejo abraçados,
Na ternura de um calor que nasce nesta tarde de Inverno.
E enquanto o sangue vai e vem do coração,
Os laços estão sólidos e apertados
E tudo se mistura e tudo se transforma e tudo é eterno.
Deus falou e eu ouvi…
Levantei-me e caminhando percorri o futuro.
Vi-me no espelho tão diferente e mudado, mas mesmo assim tão eu.
Recordo tudo o que fui, tive e senti
E nada, do meio do escuro,
Pode trazer o que se perdeu…
Lisboa (Rua dos Anjos)
15-11-2007